O que Jesus disse sobre as crianças?

Poucas figuras na história impactaram tão profundamente a visão de mundo em relação às crianças quanto Jesus Cristo. Em uma época em que as sociedades frequentemente ignoravam os pequenos, tratando-os como quase invisíveis dentro das estruturas sociais e religiosas, as palavras de Jesus não apenas surpreendem, mas também invertem prioridades.

Hoje, é comum associarmos a infância à pureza, inocência e até a uma nostalgia de tempos mais simples. No entanto, essa visão está longe de ser a mesma mantida nos tempos de Jesus. No contexto judaico da época, embora os pais tivessem carinho por seus filhos, as crianças eram vistas como futuros contribuintes para a família e a sociedade – ainda não completas ou importantes por si mesmas, mas promessas para o futuro. As decisões giravam em torno dos adultos: a fé, os rituais e o aprendizado formal eram considerados “grandes demais” para elas até atingirem certa maturidade.

Então, surge Jesus. E ele quebra expectativas.

Em vez de seguir os costumes da época ou usar metáforas complexas para ilustrar verdades espirituais, ele aponta para aqueles considerados “dependentes” e “insignificantes”. Ele os coloca no centro de algumas das lições mais transformadoras sobre o Reino dos Céus. Para os ouvintes da época, isso deve ter soado como um choque: reconhecer nas crianças algo divinamente exemplar era contraintuitivo para as normas daquele período.

Mas por quê? Por que Jesus deu tanta importância às crianças? E o que seus ensinamentos significam para aqueles que desejam segui-lo? Vamos explorar juntos.

Desenho de Jesus com crianças em gramado
Desenho de Jesus com crianças em gramado

Por que Jesus valorizou tanto as crianças?

Nos registros bíblicos, as interações de Jesus com as crianças nunca parecem casuais. Elas atravessam barreiras culturais e destacam não apenas o valor intrínseco dessas pequenas vidas, mas também algo mais profundo e espiritual.

O exemplo de Mateus 18:1-5

Um exemplo marcante está em Mateus 18:1-5. Quando os discípulos perguntam quem seria o maior no Reino dos Céus – uma pergunta claramente influenciada pela lógica mundana de status –, Jesus responde de forma inesperada: ele chama uma criança ao centro e diz que, se alguém não se tornar como ela, jamais entrará no Reino dos Céus.

Imagine a cena: adultos debatendo hierarquias celestiais, talvez esperando elogios aos mais sábios ou dedicados, e Jesus coloca uma criança – provavelmente sem entender completamente o debate – como exemplo. Por quê?

No coração dessa lição está a valorização de qualidades que muitas vezes ignoramos como adultos: humildade genuína, dependência sincera e uma fé descomplicada. Crianças não chegam ao mundo achando que têm todas as respostas. Elas perguntam, confiam e são moldadas na simplicidade. Talvez por isso Jesus as tenha elevado assim – porque, para entender sua mensagem, precisamos abandonar nosso egoísmo, orgulho e coração arrogante por pensar que já sabemos e conhecemos tudo.


“Deixem vir a mim as crianças”

Um dos episódios mais gentis registrados nos evangelhos é aquele em que pais trazem seus filhos para que Jesus os abençoe. Esse relato aparece em Mateus 19:13-14, Marcos 10:13-16 e Lucas 18:15-17, o que demonstra sua importância.

Enquanto alguns discípulos tentavam impedir o acesso das crianças – talvez achando que o Mestre tinha assuntos mais importantes a tratar –, Jesus os repreende: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois delas é o Reino dos Céus” (Mateus 19:14).

Esse contraste é fascinante. Para os discípulos, tocar nas crianças parecia uma perda de tempo. Para Jesus, acolhê-las tinha um propósito eterno. Mais do que um gesto físico, suas palavras revelam conceitos centrais: a simplicidade e o senso de pertencimento ao Reino dos Céus.


As crianças como exemplo de humildade

A humildade é um tema recorrente nos ensinamentos de Cristo. Não como algo passivo, mas como uma atitude essencial para entrar no Reino dos Céus.

Crianças dependem naturalmente de outros antes mesmo de entenderem o que isso significa. Elas reconhecem suas limitações em um mundo maior do que elas mesmas. O paralelo com nossa caminhada espiritual é claro: quanto mais conscientes somos da grandeza divina e de nossa pequenez perante ela, mais conseguimos confiar plenamente n’Ele.

Quando Jesus pede que nos tornemos “como crianças”, ele não sugere ingenuidade ou falta de entendimento, mas convida-nos a abandonar a soberba e a confiar com autenticidade.


Um alerta sério: não escandalizem os pequenos

Se há algo que demonstra a seriedade de Jesus em relação às crianças, é o alerta em Mateus 18:6: “Mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria amarrar uma grande pedra de moinho ao pescoço e se afogar nas profundezas do mar.”

Essa imagem é forte, mas reflete a ternura de Jesus pelos pequenos. Ele estava dizendo: “Essas crianças são preciosas aos olhos de Deus; fazê-las tropeçar espiritualmente é uma ofensa grave.”

Esse “tropeçar” pode ser literal – prejudicar ou abusar das crianças – ou simbólico, afastando-as do caminho espiritual por hipocrisia, mau exemplo ou negligência. É um alerta que permanece relevante: quantos jovens têm suas primeiras experiências de fé marcadas por desprezo ou abusos? Precisamos refletir sobre como tratamos os mais vulneráveis.


Crianças e pureza: o Reino dos Céus é delas

Jesus enxergava nas crianças algo profundamente simbólico: uma pureza intrínseca. Não que fossem moralmente perfeitas, mas havia nelas um coração livre de cinismo e malícia.

Quando Jesus afirma que “quem não receber o Reino como uma criança nunca entrará nele” (Lucas 18:17), ele nos convida a reaprender a nos aproximar de Deus com um coração sincero e desarmado. Adultos carregam desconfianças e traumas, enquanto crianças abraçam o que lhes é dado com confiança genuína. Essa pureza é um lembrete poderoso de como devemos nos portar perante Deus.


Como viver esses ensinamentos hoje?

Depois de tudo isso, surge a pergunta: como colocamos essas ideias em prática no mundo moderno?

  • Proteção: Devemos proteger fisicamente as crianças contra qualquer forma de abuso ou negligência. Esse é um compromisso sagrado, alinhado ao coração de Deus.
  • Educação espiritual: Jesus enfatizou a importância de ensinar os pequenos e guiá-los ao Reino dos Céus. Precisamos criar espaços onde eles possam crescer na fé com segurança e acolhimento.
  • Acolhimento aos novos na fé: Muitos adultos estão apenas começando sua jornada espiritual. Eles precisam ser tratados com paciência e cuidado, como crianças espirituais.

Por fim, precisamos nos perguntar: será que ainda enxergamos o mundo com olhos puros? Será que nos permitimos depender de Deus sem resistências?

Que cada vez que ouvirmos Jesus dizer “Deixem vir a mim as crianças”, possamos compreender não apenas sua ternura pelos pequenos, mas também seu chamado para resgatarmos aquilo que perdemos ao crescer: simplicidade, confiança e alegria genuína na presença d’Ele.

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