Desde os primeiros capítulos das Escrituras, há imagens e símbolos entrelaçados na narrativa que parecem apontar para algo maior. Uma dessas imagens é a do cordeiro — tão simples à primeira vista, mas carregada de significado espiritual ao longo das gerações. O cordeiro, na Bíblia, não é apenas um animal; ele se torna uma metáfora poderosa que atravessa o Antigo e o Novo Testamento. Mas por quê? Qual é o significado profundo por trás dessa figura?
No coração dessa questão está a pessoa de Jesus Cristo, conhecido e citado na Bíblia como o “Cordeiro de Deus”. Esse título carrega uma profundidade teológica impressionante e nos leva a explorar como essa imagem nos guia para o coração da mensagem do evangelho.
A ideia de um cordeiro sacrificial pode parecer estranha hoje. No contexto bíblico, o sacrifício ocupava um lugar central na forma como o homem se relacionava com Deus, particularmente nas narrativas do Antigo Testamento. O pecado exigia expiação — um preço tinha que ser pago para restaurar a comunhão quebrada entre seres humanos e o Criador. Dentro desse sistema de sacrifícios, o cordeiro surge como uma figura única: puro, inocente, completamente entregue e plenamente acolhido por Deus como um símbolo de redenção.
O Cordeiro no Antigo Testamento
Para entender plenamente o significado do título “Cordeiro de Deus”, precisamos voltar ao início dessa história. O Livro de Gênesis nos conta que Abel, em um gesto de devoção, separou o melhor de seu rebanho e apresentou ao Senhor. Abel era pastor, então podemos pressupor que ele conhecia bem os cordeiros. Mas não foi apenas o trabalho que deu peso ao que ele entregou; o que realmente contou foi a escolha de separar o melhor do rebanho e fazê-lo com honestidade e devoção. Enquanto seu irmão Caim trouxe frutos da terra sem a mesma dedicação do coração, o sacrifício de Abel foi aceito por Deus. Esse episódio já aponta para algo único em um gesto puro e sincero envolvendo um animal.
O papel do cordeiro começa a se revelar de forma mais marcante em Gênesis 22, quando Abraão recebe a difícil tarefa de sacrificar seu filho Isaque. É um momento dramático e desconfortável na narrativa bíblica: Deus pede algo aparentemente impossível para testar a fé de Abraão. Mas algo incrível acontece aqui — antes que Isaque fosse sacrificado, um carneiro é providencialmente encontrado preso pelos chifres entre arbustos. Não era exatamente um cordeiro (a palavra hebraica indica um animal mais velho), mas a ideia de substituição já aparece aqui. Deus coloca no lugar de Isaque um carneiro para o sacrifício, apontando para algo muito maior que viria no futuro.
Essa ideia de substituição se torna central no sistema sacrificial judaico formalizado mais tarde na lei mosaica. Para expiar pecados ou celebrar festividades religiosas importantes, o povo trazia animais puros — geralmente cordeiros ou bodes — ao Tabernáculo ou Templo. Esses sacrifícios eram feitos continuamente como lembrete tanto do peso do pecado quanto da misericórdia de Deus.
O Sacrifício de Páscoa
Talvez nenhum outro evento do Antigo Testamento capture tão bem a importância simbólica do cordeiro quanto o êxodo do Egito. No capítulo 12 de Êxodo, Deus instrui os israelitas escravizados a sacrificarem um cordeiro perfeito e usarem seu sangue para marcar os umbrais das portas antes da décima praga — a morte dos primogênitos egípcios. Essa noite fatídica marca não apenas a libertação física de Israel da opressão egípcia, mas também introduz o conceito de redenção por meio do sangue.
Pense nisso: não era suficiente apenas crer ou ser “parte do povo escolhido”. O ato específico de sacrificar o cordeiro e aplicar seu sangue era necessário para escapar da condenação. Mais tarde, esse evento seria celebrado anualmente pelos judeus na Festa da Páscoa (ou Pesach), sempre envolvendo um cordeiro assado em memória daquela libertação milagrosa.
Mas será que havia algo mais acontecendo por trás disso? Para muitos cristãos, sim. Esse evento não era apenas história; era também uma prefiguração clara da obra redentora de Cristo na cruz. Assim como os israelitas foram salvos pelo sangue do cordeiro pascal, aqueles que confiam no sacrifício perfeito de Jesus são salvos da condenação eterna.
O Cordeiro no Novo Testamento
“Eis o Cordeiro de Deus”
Quando João Batista vê Jesus pela primeira vez nas margens do Jordão e proclama: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” (João 1:29), algo monumental está acontecendo. Essa declaração não é feita ao acaso; ela está carregada de toda a profundidade simbólica que vimos até aqui.
Imagine ser um judeu comum, familiarizado com os sacrifícios do templo e com a tradição da Páscoa — ouvir alguém chamar uma pessoa viva de “Cordeiro” deve ter soado estranho, até desconcertante. O que João estava dizendo? Ele estava conectando todas as peças do quebra-cabeça do Antigo Testamento ao identificar Jesus como o cumprimento das promessas redentoras de Deus. O cordeiro que poupou os israelitas no Egito. O carneiro providenciado para Abraão no lugar de Isaque. Os incontáveis cordeiros sacrificados no Templo ao longo dos séculos. Tudo isso apontava para este momento único: um sacrifício final e definitivo.
Por Que o Sistema Sacrificial Não Era Suficiente?
Podemos nos perguntar por que Deus deu ao povo judeu um sistema sacrificial que parecia incompleto ou imperfeito. Afinal, se os cordeiros sacrificados no templo podiam cobrir os pecados, por que seria necessário um outro cordeiro? A resposta está na própria limitação do sistema.
Os sacrifícios do Antigo Testamento eram como uma sombra que apontava para algo maior. Eles cobriam os pecados temporariamente, mas nunca os removiam completamente (Hebreus 10:4). Era como tentar estancar uma ferida com um curativo frágil — ele servia por um tempo, mas não resolvia o problema em sua raiz. Esses sacrifícios só faziam sentido quando repetidos inúmeras vezes. Dia após dia, ano após ano, os sacerdotes ofereciam animais no altar, pois o pecado continuava presente na vida das pessoas. Era um lembrete contínuo da distância entre Deus e o homem e da necessidade de algo — ou alguém — que pudesse reconciliar permanentemente essa relação quebrada.
É aqui que entra Jesus. Como o próprio autor de Hebreus escreve: “Cristo foi oferecido uma vez por todas para tirar os pecados de muitos” (Hebreus 9:28). Ele é o sacrifício final porque não apenas cobre os pecados por um tempo; Ele os remove completamente.
O Cordeiro no Apocalipse
Se no Antigo Testamento o cordeiro era símbolo de vulnerabilidade e sacrifício, no último livro da Bíblia essa figura ganha outra dimensão impressionante. Em Apocalipse, Jesus ainda é chamado de “Cordeiro”, mas agora Ele não está fraco ou exposto como em seu sacrifício na cruz. Ele aparece glorificado, exaltado no trono celestial, digno de receber honra e poder (Apocalipse 5:12).
Na visão de João em Apocalipse 5, há um momento dramático em que ninguém parece capaz de abrir o livro selado da história — ninguém exceto o Cordeiro que foi morto. Essa descrição captura tanto a profundidade da redenção quanto a majestade triunfante de Cristo: Ele é ao mesmo tempo aquele que foi sacrificado e aquele que reina soberano sobre todo o universo.
É interessante notar como essa imagem desafia nossas expectativas. O Cordeiro é também o Leão da tribo de Judá (Apocalipse 5:5), uma fusão paradoxal de humildade e força suprema. Ele julga as nações como Rei, mas continua sendo identificado pela marca central de sua missão: Ele foi morto para salvar.
Reflexões Práticas
A figura do cordeiro nos lembra que não precisamos carregar o peso dos nossos erros sozinhos. Quando Jesus morreu na cruz, Ele tomou para si toda culpa, vergonha e condenação, entregando-nos em troca o perdão completo e a verdadeira liberdade.
Mas isso vai muito além. O Cordeiro também nos desafia a viver uma vida transformada. Assim como Ele se entregou por amor ao mundo, somos chamados a refletir esse mesmo amor na maneira como tratamos os outros e enfrentamos nossos próprios desafios diários.
Por fim, essa mensagem aponta para algo maior do que nós mesmos. O Cordeiro não é apenas nosso Salvador pessoal; Ele também é aquele que redimirá toda a criação no tempo certo. Isso nos dá esperança em meio às incertezas da vida — esperança de que há um plano muito mais grandioso em ação.
Atividade Extra
Artes com papel: Confeccionar um cordeirinho de algodão ou papel crepom para ilustrar a ideia do “Cordeiro Pascoal”.
- Objetivo: Refletir sobre a simplicidade e pureza do cordeiro e como isso se relaciona a Jesus.
Curiosidade
Explicar rapidamente o que é um símbolo ou uma sombra (no sentido bíblico de algo que prefigura Jesus).
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